Quando dois países de dimensões continentais compartilham desafios e trocam experiências bem-sucedidas, surgem soluções que ultrapassam fronteiras. É isso que Brasil e China vêm demonstrando ao mundo por meio de parcerias voltadas à segurança alimentar e à redução da pobreza. Na World Agri-Food Innovation Conference (Wafi), que está sendo realizada de 12 a 15 de outubro, em Pequim, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) teve papel de destaque no Fórum sobre Erradicação da Pobreza, Fome e Má Nutrição, apresentando resultados concretos e propostas de cooperação.
O ministro Wellington Dias destacou os avanços alcançados por Brasil e China na superação da fome e na construção de políticas públicas sustentáveis. “A China tem dado um bom exemplo ao mundo na segurança alimentar e na superação da pobreza, com uma política de oportunidades que ampliou a classe média e reduziu desigualdades. O Brasil também tem trilhado esse caminho, alcançando resultados que permitiram ao país sair do Mapa da Fome da FAO neste ano”, afirmou.
Contem com o Brasil para que, até 2030, possamos viver em um mundo com menos insegurança alimentar e milhões de pessoas superando a pobreza”
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
O ministro ressaltou que os progressos brasileiros resultam de um conjunto de ações integradas: produção e acesso a alimentos; transferência de renda; alimentação escolar; incentivo à agricultura familiar; e apoio ao emprego e aos pequenos negócios. “Quero fazer um apelo para que possamos sair deste encontro com compromissos reais. Contem com o Brasil para que, até 2030, possamos viver em um mundo com menos insegurança alimentar e milhões de pessoas superando a pobreza”, completou.
Em participação por vídeo, a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal, apresentou as políticas públicas que têm garantido avanços concretos na redução da fome e na promoção do direito à alimentação adequada no Brasil. Ela destacou o conjunto de ações integradas que envolvem transferência de renda, alimentação escolar e fortalecimento da agricultura familiar, por meio de programas como o Bolsa Família, o PNAE e o PAA, que asseguram renda, produção de alimentos saudáveis e conectam agricultores familiares à rede socioassistencial.
Lilian lembrou que ainda há desafios a enfrentar, especialmente diante das desigualdades regionais, de gênero e raça, e da vulnerabilidade de famílias com crianças pequenas. “Nosso objetivo não é apenas garantir comida no prato, mas assegurar o direito humano à alimentação adequada e saudável.” Ela também destacou a urgência de transformar os sistemas alimentares em meio à crise climática e à perda de biodiversidade, que afetam de forma desproporcional povos indígenas, comunidades tradicionais e grupos vulneráveis. “Esses são desafios globais que exigem cooperação, inovação e políticas públicas comprometidas com a dignidade humana”, concluiu.
Liderança do Brasil
A liderança brasileira na construção da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza também esteve no centro do debate, recebendo apoio e reconhecimento de representantes de países e instituições de ensino e pesquisa. Em sua fala, Wellington Dias, que preside a Aliança, reforçou o chamado à ação coordenada.
“A fome é um problema mundial, não respeita fronteiras. Nossa resposta também precisa ultrapassá-las. A Aliança Global reúne países, organismos internacionais, bancos de desenvolvimento e a comunidade do conhecimento para acelerar soluções em escala. É um convite permanente aos países desenvolvidos para a cooperação, a inovação e a responsabilidade compartilhada com as nações que mais precisam de políticas públicas que garantam alimentação adequada e superação da pobreza”, ressaltou o ministro.
- João Paulo Santos, consultor Jurídico do MDS. Foto: Yako Guerra/ MDS
O consultor Jurídico do MDS, João Paulo Santos, que também coordena o Grupo de Trabalho de Cooperação Acadêmica da Aliança Global, destacou a importância da parceria entre Brasil, China e demais países membros, ressaltando o papel das universidades e centros de pesquisa na formulação de políticas eficazes para o combate à fome e à pobreza.
O grupo reúne pesquisadores de instituições como UFRGS, UnB, UFG, UFSC, FGV e ESALQ/USP, além de universidades estrangeiras que estudam a eficiência e os impactos das políticas que compõem a cesta de políticas da Aliança Global.
“O pilar do conhecimento tem como missão mapear e apoiar pesquisadores em todo o mundo, integrando estudos sobre políticas públicas que demonstram resultados concretos, para que possam ser aprimoradas e implementadas em países em desenvolvimento. A ideia é transformar pesquisa em prática: trazer dados, fatos e evidências que comprovem o impacto das políticas e apoiem sua implementação”, detalhou.
Intercâmbio
Mais do que um espaço de debate, a Wafi atua como uma plataforma de intercâmbio técnico e cooperação internacional, conectando governos, universidades, organismos multilaterais e o setor produtivo. O objetivo é transformar ideias em ação, unindo quem formula políticas, quem pesquisa, quem financia e quem implementa soluções nos territórios.
Integrante da comitiva brasileira, o professor Sérgio Schneider, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), reforçou que combater a fome exige mais do que tecnologia e produção, exige decisão política. Ele lembrou que o mundo produz alimentos suficientes para todos, mas ainda enfrenta números alarmantes de insegurança alimentar.
“É triste ver que, em um planeta capaz de alimentar toda a população, ainda existam milhões de pessoas passando fome. Isso não é apenas um problema técnico, é uma questão de decisão política. No Brasil, estamos vendo essa escolha se transformar em resultados concretos. O país voltou a colocar a segurança alimentar como prioridade, e o resultado está aí: o Brasil saiu do Mapa da Fome”, declarou.
Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 10 de outubro de 2025, por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), confirmam essa conquista. Em apenas dois anos, o país reduziu a proporção de domicílios em insegurança alimentar grave para 3,2%, o menor índice da série histórica, igualando o recorde de 2013.
Ao todo, dois milhões de pessoas deixaram a fome em um ano, com reduções em todas as regiões, tanto urbanas quanto rurais, e 8,8 milhões passaram a viver em segurança alimentar. O levantamento reforça o impacto das políticas implementadas pelo Governo do Brasil, especialmente nas áreas de transferência de renda, apoio à agricultura familiar, alimentação escolar e inclusão produtiva.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Lançada sob a presidência do Brasil no G20, a Aliança Global organiza esforços internacionais em três frentes complementares:
● Países e governos: comprometimento com metas de redução da fome e da pobreza, compartilhamento de dados e boas práticas e integração de políticas de renda, alimentação e inclusão produtiva;
● Organismos multilaterais e bancos de desenvolvimento: coordenação de financiamento, apoio técnico e instrumentos de mitigação de risco para escalar soluções comprovadas;
● Universidades, centros de pesquisa e redes de conhecimento: produção de evidências, formação de capacidades locais e assistência técnica para implementação e monitoramento.
Desde seu lançamento, a Aliança vem ampliando adesões de países e consolidando parcerias com instituições multilaterais e acadêmicas. As agendas prioritárias incluem agricultura familiar e sustentável, alimentação escolar, redução de perdas e desperdícios, segurança nutricional e sistemas de monitoramento que conectam evidência à decisão pública.
Sobre a Wafi
A World Agri-Food Innovation Conference (Wafi) reúne governos, academia, agências internacionais e setor produtivo para acelerar soluções em sistemas alimentares sustentáveis, com foco em inovação, cooperação e implementação.
Em 2025, o encontro em Pequim destacou iniciativas de combate à fome e à pobreza, transição para uma agricultura sustentável e estratégias para ampliar o acesso a alimentos saudáveis em escala global.
Assessoria de Comunicação – MDS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome